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Bem Vindo(a), Jornalista Responsável: Gessica Souza DRT/MS 0001526

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Agricultura familiar de MS comprova que também tem espaço no mercado de tecidos nobres

14 out 2017 11:10:00

| Rural em Foco

Agricultura familiar de MS comprova que também tem espaço no mercado de tecidos nobres

É no mercado têxtil de nobreza que a agricultura familiar mostra todo o seu potencial como o terceiro produtor de seda no Brasil. Situada a 410 km da Capital, o município de Itaquiraí é a sétima cidade de maior produção de casulos do bicho-da-seda no País, conforme dados divulgados recentemente pelo IBGE.

Campo Grande (MS) – Mais do que ser a Capital do leite em Mato Grosso do Sul, Itaquiraí sem perder o fio da meada da produtividade na agricultura familiar mostra que suas riquezas ultrapassam o verde do pasto podendo chegar até mesmo às passarelas e grifes famosas de todo o mundo através da criação do bicho-da-seda.

Considerado um dos tecidos mais nobres do mundo, a seda que alimenta a criatividade de estilistas mundialmente famosos e que veste artistas e autoridades influentes por todo o globo muitas das vezes vêm de um cenário oposto ao glamour das câmeras e da imediaticidade da internet.

É na agricultura familiar, em barracões de pequenos sítios como o do agricultor Lafaete Deodoro, do assentamento Santo Antônio, em Itaquiraí, que as lagartas encontram o ambiente propício para desenvolvimento e produção do tão cobiçado casulo que dá origem ao tecido cujo toque, beleza e qualidade se sobressaem sobre os demais.

O agricultor Lafaete Deodoro divide a jornada de trabalho com a esposa Ana Regina Rodrigues.

Só em 2016 foram quase 94 toneladas produzidas a partir do trabalho de 70 famílias de agricultores familiares do município. “Antes trabalhávamos com gado, antes de mexer com o bicho-da-seda. Daí eu vi que estava fracassando e eu apelei para o bicho-da-seda. O senhor João, da empresa Bratac, esteve lá em casa e me incentivou e desde então estamos dando bem graças a Deus”, lembra o agricultor que há dois anos atua no ramo.

Para Lafaete o maior desafio no trato com o animal está na fase da alimentação, pois os mesmos passam horas a fio devorando folhas de amoreiras frescas. “Na quinta idade, eles comem exageradamente e a gente passa muito tempo cuidando para que não falte alimento, mas é como sempre digo, o bicho-da-seda comendo vai dar produção. Se ele comer pouco, ele vai dar pouca produção. Então, a gente tem que incentivar para tratar bastante do bicho para não dar pouca renda”, comenta o produtor que divide a jornada de trabalho com a esposa Ana Regina Rodrigues.

A amoreira esconde um dos segredos da qualidade do tecido, pois quanto mais folhas a lagarta tiver comido mais qualidade terá a seda e mais fio será produzido. Outro fator curioso é que o tecido se origina do que seria a “baba” do bicho-da-seda, que tem uma substância chamada sericina. É ela que o animal usa para tecer o casulo. Em condições naturais, a larva dentro do casulo se transforma em mariposa.

Só Itaquiraí é responsável por quase metade da produção sul-mato-grossense de seda, sendo o restante dos casulos oriundos de Novo Horizonte do Sul, Ponta Porã, Deodápolis e Glória de Dourados. “A gente conta com o bom atendimento da Bratac que é a empresa que comercializa a seda e com os serviços da Agraer [Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural] que desde antes da seda está com a gente. Um dos técnicos da Agraer que nos atende é o Adriano Schuffner e não tenho do que me queixar. A Agraer atende a gente não só de agora, mas de muito tempo. Desde o tempo que envolvi com uva, depois mexi com mamão. A Agraer está sempre junto comigo. Eu só tenho a agradecer muito, muito, muito”.

Mercado

 

 

 

 

 

 

 

 

A maior produção de seda brasileira é originada de três estados sendo Paraná (2370 toneladas), São Paulo (343 toneladas) e Mato Grosso do Sul (143 toneladas), seguindo a ordem decrescente no ranking.

Os casulos que são produzidos nos barracões da propriedade do agricultor Lafaete seguem viagem até o Paraná, principal base da Bratac, empresa 100% brasileira que a mais de 70 anos atua no ramo da fiação de seda. “Daqui o casulo vai para Umuarama, Paraná, e depois vai até para a China”, conta.

Casulos de seda produzidos pelos agricultores familiares.

Apesar de não liderar o mercado mundial da seda, o Brasil é reconhecido internacionalmente como um dos produtores de maior qualidade. Um título que vem em parte da dedicação de agricultores familiares como Lafaete e Ana. “Eu já pensei nisso, na verdade, que a seda de marcas famosas e caras vem de locais simples como é a minha chácara. Hoje, na mesa dos grandes políticos estão os alimentos da agricultura familiar. No corpo dos nossos políticos estão os nossos tecidos. Então, digo que os políticos devem olhar com mais carinho e dedicação a nós que somos da agricultura familiar”, afirma em tom de quem sabe que o futuro do Estado também passa pelas pequenas porteiras de assentamento, comunidades quilombolas e aldeias.

Após o processo de fiação no Paraná, o produto é exportado para países como EUA, Japão, França e demais países europeus. Em média, o casulo de um único animal é capaz de gerar 1,5 mil metros de fio de seda. O trato com os bichos no barracão é todo manual, o que exige dedicação, mas ao mesmo tempo dispensa o uso de produtos químicos, garantindo qualidade de vida no campo e produto final.

“Não existe outra fonte de renda no meu sítio. No verão, pego o bicho e com 24 dias eu estou entregando os casulos. Se esfriar como o tempo de agora, por exemplo, vai atrasar e a gente leva uns trinta e poucos dias. Mas no verão é 24 dias a entrega da remessa”, explica.

 

 

 

 

 

 

 

Há dois anos mostrando ser uma prática rentável ao agricultor Lafaete, a sericultura é a prova que a agricultura familiar é uma atividade digna e tão nobre quanto os eventos (casamentos, desfiles, congressos internacionais, sessões políticas, espetáculos de dança e de teatro de grandes companhias, etc) em que a seda se faz presente.

Rota da Seda

Se no passado a técnica da seda era guardada a sete chaves pelos povos asiáticos, sendo que na Idade Média, os nobres chegaram a trocar um quilo de ouro por um quilo de seda. A seda então cruzava por caminhos intermináveis para ser comercializada, constituindo o que ficou conhecido pela “rota da seda”.

Hoje, ela encontra no meio rural, os pequenos sítios, a simplicidade e calmaria para as lagartas se desenvolverem e produzirem o tão cobiçado casulo que nas fábricas têxteis encontrarão o caminho certo para se criar o fio de brilho e qualidade inigualável. “A minha chácara tem sete hectares e é em um barracão de 225 m² em que a gente cuida dos bichinhos. Para alimentar a lagarta a gente tem um cultivo de amoreira. São um alqueire e meio de área para cultivo das folhas frescas. É um trabalho interessante”, afirma.

Casulos produzidos na propriedade do agricultor familiar.

Interessante também é o folclore que ronda em torno da história do surgimento da seda. Diz-se que a “rainha das fibras” foi descoberta por uma imperatriz chinesa, que tomava uma xícara de chá sob uma amoreira, quando um casulo do bicho-da-seda caiu no seu chá. Ela, ao tentar puxar a ponta de fio do casulo, fez com que um fino fio de seda se desenrolasse, amolecido pela água quente do chá.

De lá para cá muita coisa aconteceu, aperfeiçoamento da produção, navegações, comercializações, compartilhamento da técnica de fiação e adesão de mão-de-obra rural, agricultura familiar, e urbana que, no caso do Brasil o colocou como um dos produtores de maior qualidade do tecido.

Aline Lira – Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural (Agraer)

Fotos: Néia Maceno 

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