Psicólogo Djhonatan Lucas: Atravessando a rua: A empatia.

Djhonatan Lucas M. Soares

Psicólogo

CRP/MS 14/08240-9

“É indizível o que me aconteceu em forma de sentir: preciso

depressa de tua empatia. Sinta comigo.”

Clarisse Lispector (1998). 

Você possivelmente já se solidarizou com a dor de algum conhecido, ou o fato de se colocar no lugar de alguma pessoa, por um fato, uma dor, tristeza ou perda? No senso comum, seria “se colocar no lugar do outro”, mas vai muito além disso.

De acordo com Del Prette e Del Prette (1990), usa-se o termo empatia para referir-se às capacidades pelas quais um indivíduo compreende, de forma sensível e acurada, os sentimentos e o ponto de vista do outro.

Nós, como seres humanos, enfrentamos diversas situações em nosso cotidiano, que exigem no mínimo um senso de conscientização, doses de compaixão, afeto, carinho, respeito e deixar de lados as próprias expectativas, desejos e sentimentos, para entender o outro, auxiliar o outro sem nenhum julgamento – isso é ser empático.

Ser empático é algo importante e necessário, porém de forma dosada. Se preocupar com os outros e o seu bem-estar é um sinal de bondade e inteligência emocional (capacidade de lidar e identificar com as emoções e sentimentos pessoais e de outras pessoas), mas preocupar-se de forma demasiada podem afetar sua saúde mental, é importante sempre manter o equilíbrio destas emoções.

Agora ficou mais fácil de compreender sobre a empatia né? Seguimos.

A empatia deve ser algo a ser copiado e colocado em prática. Desde que eu era muito pequeno, sempre ouvia a respeito de “ajudar as pessoas mais velhas a atravessar a rua”, hoje eu consigo entender muito bem essa expressão. Ajudamos sempre alguém a atravessar a rua, quando nos disponibilizamos a ajudar uma pessoa em sofrimento ou estar presente em uma perda de um ente querido ou um animalzinho.

Ajudamos alguém a atravessar a rua, quando passamos por cima de nosso orgulho (em uma situação onde você poderia prejudicar alguém), você simplesmente age de forma empática ao ser inteligente emocionalmente e evitar conflitos.

Ajudamos alguém a atravessar a rua, quando sabemos impactar de forma positiva a vida de alguém.

Ajudamos alguém a atravessar a rua, quando agimos e auxiliamos na tomada de decisões na vida de alguém, decisões essas positivas e que possam mudar o destino dessas pessoas.

Ajudamos alguém a atravessa a rua, quando, esquecemos de nossas dores, tristezas, raiva, e pré julgamentos, ao ajudar uma pessoa diferente do nosso grupo de amigos, com crença diferente, religião diferente, cor de pele diferente, vida social e financeira diferente. Eu atravesso a rua, quando eu me entendo como pessoa, como ser pensante e penso em mim também! Eu atravesso a rua, quando entendo que eu posso mudar vidas, quando eu penso, reflito e mudo minha opinião sobre alguém ou uma situação.

Eu posso ser empático ao ter mais paciência, ouvir mais, abraçar mais.

“Vivemos todos, neste mundo, a bordo de um navio saído de um porto que desconhecemos para um porto que ignoramos; devemos ter uns para os outros uma amabilidade de viagem.”

Fernando Pessoa (1888-1935) Em Odes de Ricardo Reis, 2011.

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